segunda-feira, 5 de maio de 2008

Proibiram a Marcha!

Juízes e Ministério Público fumam bagulho estragado e, “na onda”, violam princípio constitucional da liberdade de associação e de expressão, ao proibir, por meio de liminar, a realização da Marcha da Maconha, no Rio, no último domingo. O skank de ignorância que os senhores doutores acenderam nos diversos Estados do Brasil neste último fim-de-semana só não é mais poderoso que o conservadorismo e a hipocrisia dessas “otoridades” – incapazes de manter assassinos e corruptos na cadeia, a cegueira da Justiça aponta sua balança desequilibrada para o lado mais fraco da sociedade: os movimentos sociais que não contam com o poder, o dinheiro e o prestígio dos donos do Estado.

Os opositores da Marcha, senhores do retrocesso, que nas entrelinhas dizem “as leis são perfeitas”, são, o juiz do TJ-Rio, dr. Roberto Câmara Lacé Brandão, o procurador-geral de Justiça, dr. Marfan Vieira e o deputado federal, sua excelência (em quê?), Marcelo Itagiba (PMDB-RJ). Esse último para quem não lembra foi secretário de segurança pública da Rosinha Garotinho. Foi super eficiente em sua política contra o crime. Hoje não se tem medo de tiroteio no Rio e a PMERJ é a instituição mais honesta e honrada do país. E o PMDB não é um partido que se prostitui por cargos de governo e mensalões. O hipócrita deputado afirma: “não se trata de censura ao debate necessário sobre o melhor tratamento jurídico que se deva dar ao uso da maconha”. Trata-se de quê então? De violar direitos civis prá mostrar quem é que manda? Quantos debates sobre o tema o Governo dos Garotinhos promoveu? Quantas propostas o deputado apresentou na Câmara para aprofundar o debate?

Em seu despacho, o notório Juiz de Direito afirma que "a situação inicialmente apresentada como manifestação política pacífica, em verdade camufla ação orquestrada pela difusão do consumo da droga", o que "configuraria o crime de apologia ao tráfico de entorpecentes". Não é o que afirma o site da Marcha da Maconha. Não é o que falou o sociólogo Renato Cinco, organizador do evento, nas inúmeras entrevistas que vêm dando na mídia. Não é o que pregam os growrooms, grupo de usuários de maconha no mundo afora que incentivam a plantação doméstica e abominam o tráfico. Em todos esses veículos, logo na página principal se lê que o porte e venda de entorpecentes é crime. Então quais as evidências que o Meritíssimo encontrou para associar os organizadores da Marcha a traficantes? Se elas existem – ou o despacho foi fruto de um beque mofado e cheio de amônia – o senhor Juiz e o MPE têm que tocar um processo criminal e revelar as supostas conexões escusas. Por outro lado, se não existir nada disso a não ser na mente deturpada do Doutô, cabe a Renato Cinco um processo por danos morais contra o Estado e contra o Juiz por difamação, calúnia, injúria.

A questão aqui não é a proibição, o uso ou não uso de maconha ou qualquer entorpecente, mas a desfaçatez das autoridades públicas em criminalizar movimentos sociais que vêm da base ao passo em que legitimam as elites que se apropriam de motes sociais para campanhas políticas escusas e de interesse segregacionistas. Um exemplo disso é que a Marcha Contra a Maconha aconteceu na manhã de domingo tranquilamente sem alvoroços. Motivado por uma vereadora de direita, do DEMo, com apoio de instituições religiosas reuniu cerca de 200 pessoas.

Se as leis são discutíveis e o Estado conservador não mostra interesse em discutir, como discuti-las? Como contestar a ordem agindo dentro dela? Isso deixa de ser manifestação para se tornar teatro de fantoches. É isso o que de verdade querem os favorecidos do status quo. Mas não é isso que nós, cidadãos, que denunciamos a corrupção, o desrespeito aos direitos humanos e do cidadão, os devassadores das violações queremos. E nós não vamos rezar na cartilha de quem protege a corrupção, a desigualdade social e o tráfico de drogas. Queiram os senhores juízes da República Corruptiva do Brasil ou não. Vão prender muitos de nós, mas não prenderão todos. O maio de 68 está aí. Sábado, dia 10, uma nova marcha, para repudiar a restrição aos direitos constitucionais no Rio. O tiro vai sair pela culatra.

Enquanto os senhores da hipocrisia reivindicarem um crime retrógado, subjetivo, prescrito como instrumento de controle social: a tal apologia ao crime (não vi ninguém defendendo os traficantes ou a compra de drogas), o Movimento reivindicará o ato mais progressista, objetivo, antigo, mas atualíssimo que é a marcha, a manifestação, a Revolução, como forma de suplantar esse e outros tipos de violações.

Eis uma apologia popular, baixo orçamento e criativa
http://br.youtube.com/watch?v=i-Jqn5pDFEs



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