quinta-feira, 26 de junho de 2008

A cidade não pára, a cidade só cresce.


Fiquei sabendo que há um prognóstico que daqui a cinco anos Campos terá o dobro de sua população. Me ocorreu um certa angústia de não saber o que será. Hoje somos em torno de 430 mil, chegaremos a um milhão em cinco anos. ui!

É muito difícil ser campista, muito mesmo. Somente neste mandato, empossaram quatro prefeitos. A polícia federal descobre fraudes, quem roubou perde o mandato mas, adivinhem quem é novamente nosso querido prefeito? Aquele mesmo que nos roubou, foi denunciado, teve a cara nos jornais, e?....
As cortinas não forma abertas agora, e nem ouso dizer que foram. Criamos em nossa terra figuras que até poderiam ser inofensivas e límpidas como os nomes sugerem, temos Garotinhos e Rosinhas, temos Arnaldo, o prefeito do Coração. Também temos Pudim, ai que doce!

E começou assim, primeiro Campista ganhou de Pudim que era cria do Garotinho. Inconformados, Garotinho e sua trupe impugnaram a eleição. Assumiu o cargo o tal do Mocaiber, presidente da câmara. Chamada nova eleição houve o confronto entre o Mocaiber e o Pudim. Não podemos nos esquecer da atuação coadjuvante do PT que não levou nada. Nessa eleição suplementar levou a melhor Alexandre Mocaiber.

E adivinha quem levou a pior? Nós campistas. Estava falando de como é difícil ser campista. Somos viciados em corrupção, falcatruas e em louvor à elite. Nossa história diz que em 1600 e tal nem Pero de Góis quis ficar aqui, então deixou essa terra abandonada, ao léu. Outros vieram, mas só poderiam aqui se instalar se os "bárbaros" fossem exterminados. E foram, não resta um único índio Goitacá pra contar esse mito. Não resta mesmo, nem o monumento da entrada da cidade, o pobre índio de pedra encontra-se deitado nos fundos do arquivo municipal que no passado foi escola jesuíta. Coitado do índio.
Nossa elite de usineiros açucareiros (que vetou a petrobrás quando ela queria se instalar aqui) está falida. Em seu lugar temos uma nova elite, a leite que governa. Aqui é assim, quem governa rouba. Como o dinheiro é muito, roubam muito. E assim, somos cada dia mais viciados com práticas clientelistas e assistencialistas. Parece uma guerra, cada grupo político possui seu exército de súditos, quando um grupo cai, seu exército cai junto, e aí são impressos novos contratos de emprego na prefeitura para os súditos do novo governante. Só a prefeitura emprega mais de 20 mil pessoas/súditos.
Segregação e discriminação fazem parte de nossa paisagem e de nossa rotina. Aqui nada funciona, temos um exército de pobres coitados que vivem às custas de bolsas misérias concedidas pela prefeitura. São analfabetos e sem cultura, sobrevivem por aí catando lixo quando moram perto dele.
Não temos transporte, nem saúde, nem escolas. Nossas creches são na maioria casas de bairro ALUGADAS que acomodam ou incomodam um número exorbitante de crianças.
Digam o que quiserem, eu não acredito em futuro para Campos. O prognóstico citado de um milhão de pessoas em cinco anos é devido a fortes investimentos em um município "satélite" para a construção de um complexo portuário. São 30 BILHÕES.
Ok... estão construindo o porto, mas ainda não há estradas de acesso a ele. Prometem empregos, mas sabemos que a maioria são temporários. Não é preciso ser muito inteligente, basta observar Macaé.
Teóricos batem a cabeça, e quando pensam que há uma luz....
Teóricos já chegaram a conclusão de que Campos não tem explicação.
Talvez Campos não tenha solução.... não para a eleição de 2008...ou 2009.

domingo, 15 de junho de 2008


A existência humana é uma grande insistência.
Insistimos em amar amores de novela, como se todo dia tivesse que acontecer um final feliz pra ser comemorado. Um amor sem contratempos, um amor morno e estável, vivido por personagens hollywoodianos que nunca se aborrecem com mesquinharias da convivência.
Insistimos nos amigos heróis, sempre dispostos a atender e entender nossas súplicas desesperadas. Amigos insuperáveis na capacidade suprema de compreender cada dilema que inventamos.
Insistimos no sonho de dias melhores. Sem tanta miséria, sem tantos limites. Onde cada um pudesse fazer valer seus direitos e ainda ter o domingo livre pra ir ao cinema e jogar futebol. Somos inclusive medíocres em nossa utopia. Nem é muito o que desejamos. E mesmo assim, a cada instante, parece que tudo vai nos fugindo por entre os dedos.
Insistimos nesse modelo ditatorial de felicidade, onde todos somos obrigados a compartilhar nossos melhores momentos e a distribuir sorrisos, mesmo quando somos metralhados pelos trançados do cotidiano. Em nome dessa felicidade, menosprezam nossas angústias, não nos deixam em paz pra desfilar nossas desconfianças, como se a barbárie fosse uma resposta natural do progresso, ignoram nossas contradições, como se todos os dias tivessem que ser ensolarados.
E por não insistirmos nessas desconfianças é que não conseguimos, coletivamente, existir.
(postado no blog AMORteceDORES - http://amortecedores.blogspot.com/ - em 11/06/08, extraído na íntegra pra cá. Porque violam nossa coletividade o tempo todo, tanto no campo ideológico, nos fazendo acreditar no sucesso da fórmula "faça vc mesmo", como no campo das ações, através do incentivo ao voluntariado e à participação nos espaços públicos deliberativos como meros coadjuvantes desta pseudo-democracia instituída.)

sábado, 7 de junho de 2008

Vai trabalhar vagabundo...

Abaixo transcrevo carta anônima recebida por militante do PSOL de Unaí-MG, com veladas ameaças à sua vida, denotando a cultura política que prevalece no interior do país, da qual tem conhecimento todas as autoridades e a Justiça, mas que medida nenhuma é tomada para combatê-la... O teor da carta foi denunciado recentemente pelo Senador José Nery, também militante do Psol, na “nobre” Casa Legislativa...

“Paulo Merda. Vagabundo vai trabalhar, cabeça parada é oficina do diabo. Fofoqueiro da oposição, safado, jamais Antério e Norberto vai ser preso, jamais. Vai ser colunista de jornal de verdade, não de jornalzinho de distribuição gratuita. A eleição já está ganha otário o povo não é bobo, o povo reconhece o que foi feito. Nós vamos eleger Antério novamente e prisão jamais. Fiscal, a não ser do meio ambiente, nenhum presta, fiscal corrupto morreu e já fedeu. Já era. Fiscal corrupto, e colunista pilantra tem que passar o cerol mesmo. Abra o seu olho e cala essa boca, porque quem fala muito dá bom dia a cavalo. Se você não tem medo de falar eu não tenho medo de encontrar você por aí. Moramos bem próximos e na mesma cidade, seu otário.Você vai provar do próprio veneno que você está produzindo, o tiro vai voltar contra a culatra.Você sozinho não irá conseguir destruir a união de 25.000 pessoas. Safado continua cavando a sua própria morada – porque é lá que você irá colher os frutos que você está plantando. Paulo Merda.”

Para quem não sabe Unaí é aquele município onde em 2004, funcionários do Ministério do Trabalho foram executados com tiros na cabeça numa chacina covarde e imoral, o qual resultou no indiciamento de nove pessoas - sendo que quatro aguardam em liberdade - sem que haja até hoje um julgamento. A razão de não haver tido julgamento está na morosidade da Justiça, que provavelmente habita em interesses escusos, considerando que recursos interpostos pelos acusados estão mofando na mesa de juízes e desembargadores há pelo menos um ano sem que sequer se julgue o mérito da sua admissibilidade. Quem ganha com essa morosidade? A democracia, o direito amplo à defesa, ou os interesses de latifundiários que até hoje mantém trabalhadores escravos na zona rural?

“Coincidentemente”, os citados na carta anônima são respectivamente Antério Mânica, prefeito eleito de Unaí 23 dias após ser preso pelos assassinatos, que ganhou foro privilegiado e responde em liberdade desde então, é um dos maiores produtores de feijão do país e seu irmão Norberto Mânica favorecido por habeas corpus expedido pelo STJ. Ambos acusados de serem os mandantes do crime. Como é eficiente nossa Justiça ao garantir direitos para corruptos, latifundiários, assassinos e toda estirpe de gente que parasita e estupra o Brasil.

Outros dois acusados em liberdade são: José Alberto Costa, empresário, suspeito de intermediar a contratação dos pistoleiros. Está livre desde dezembro de 2004 por força de habeas corpus do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região. E Hugo Alves Pimenta, empresário, é acusado de ser um dos mandantes da execução dos fiscais. Deve R$ 2 milhões aos irmãos Mânica, alvos das fiscalizações dos auditores. Conseguiu habeas corpus no ano passado.

Unaí é considerada a "capital do calor humano" segundo o mote entoado pelo atual Governo municipal em seu website. Dá prá notar que tem muito calor mesmo, provocado por muita chibata no lombo da classe trabalhadora escravizada nas fazendas dos poderosos locais, ou pelo constante clima de medo que essas violações causam ao conjunto da população. O responsável pela ameaça na carta anônima já conta como certa a reeleição do prefeito-assassino. Unaí está situada à 160km de Brasília. Talvez pela proximidade haja uma influência maléfica vinda da capital federal da corrupção para tantos absurdos nesta cidade mineira. O MPF esperava ter julgado o irmão do prefeito até Agosto do ano passado, mas isso não aconteceu e não há data marcada. Mas podemos antever a palhaçada que será, pois o que podemos esperar de uma Justiça que absolveu o mandante do assassinato de Dorothy Stang no Pará?

Fontes:

www.psol.org.br

www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/01/27/materia.2008-01-27.4663040595/view